quinta-feira, dezembro 29, 2011

Um Conto de Natal

Tempo de crise este dois mil e onze. O povo miúdo mal ganha para viver. 

Os jornais esquecem isso e tecem-se loas ao acontecimento e à carteira do povo para sacar alguns euros para a ceia de Natal dos desprotegidos.

Falam as rádios, as televisões e os jornais. 

Nasceu em Belém na Palestina um menino de seu nome Jesus. 

Vieram pastores e reis do oriente adorá-lo. 

Os tempos passaram. 

O Natal agora traduz-se na caridade e promessas.

Está frio. 

Pelas ruas da cidade a banda toca hinos de louvor ao dia. Brilham as fardas, brilham os instrumentos, os músicos impecáveis nos seus fatos “azuis escuros” ar marcial, passo certo, alertam para o dia do nascimento de Jesus, filho de Deus.

Nas casas de cada um há um cheiro profundo a fritos. 

São as rabanadas, os sonhos.
João Semedo olha distraído a televisão a pisar Natal, pleno de amor e fraternidade. 


Está só neste dia de Natal quase dormindo, espera não sabe o quê, mas espera.

Alguém se lembrará dele com algum presente.

É um sonhador à espera do seu Rei Mago com sorriso e presentes.

Sente na rua um carro a passar e logo ouve uma batedela forte na aldraba da porta. É o Rei Mago, ainda haverá Reis Magos e neste tempo de carência Reis Magos só por milagres.


Mesmo assim levanta-se para ir à porta. 

Quem se lembraria dele no tempo em que corre.

Abriu a porta.


Alguém o esperava, um homem no passeio sorriu. Bom dia!


Dá-me licença venho contar a água, dá-me licença de entrar, livro na mão, esferográfica na outra.


Não era o Rei Mago nem trazia presentes.


O milagre não sucedeu.



Afonso Fernando

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