quarta-feira, dezembro 27, 2006

O ÓNUS

O ÓNUS

Simplesmente não quero.
O Dr. Durão Barroso é com certeza o responsável por este estado de angústia que como eu a larga maioria das pessoas bem formadas e com a consciência limpa, têm com o anúncio da condenação à morte de Saddam Hussein.
Os silêncios dos nossos governantes não diminuem, mas aumentam esse estado de cumplicidade com a ideia de conivência com o impensável - a legitimidade de tirar a vida -. Portugal não precisa deste tipo de governação, nem de oposições silenciosas. Triste, muito triste e provávelmente sem remédio. Eu como muitos não queremos as mãos manchadas de sangue por apoios politicos que não desejamos, nem apoiamos.
Durão Barroso está com certeza em Bruxelas à custa de nos ter arrastado para este episódio triste. Foi a coroação do frete! Mas os actuais silêncios...! Caramba, doem porque faz pensar que o país está também moralmente doente.
Onde estão os defensores dos desvairados americanos, cada vez mais atolados, cada vez mais olhados de soslaio, cada vez menos queridos? Sim, onde estão os Pachecos, os Zé Manéis, os Rebelos e por aí. Que dizem de novo? Que interesses promovem?
Resta-nos provavelmente que a parte sadia dos americanos seja séria consigo própria e com o mundo, ou melhor com aqueles que lutam também pela Justiça e pelos Direitos Humanos, mesmo nas situações mais difíceis. Os homens sérios e honestos, independentemente da sua nacionalidade têm que ter voz activa e destronar os canalhas irresponsáveis que conduzem a humanidade para um beco onde o ódio é o meio que alimenta o poder, curiosamente num mundo em que cada vez estamos mais perto uns dos outros.
Nunca pensei que poderia ser reponsável pela morte de quem quer que fosse.
Triste, muito triste.

Póvoa de Varzim, 27 de Dezembro de 2006

José Fernando

terça-feira, dezembro 19, 2006

PENALTI OU LIVRE INDIRECTO?


Que pitéu! Que maravilha! Não há bicho careta do mais humilde ao mais abastado, do mais tapado ao mais intelectual que não sorva com avidez o fim da novela que juntou uma cinderela desinteressante e um príncipe que em função da idade era já rei.
Este par e o romance que encenavam era qualquer coisa que não jogava bem. Um risco social demasiadamente pesado para o nosso rei e por outro lado, a nossa cinderela por mais roupa nova e vistosa que vestisse, apenas mudava a forma, mas era melhor evitar conhecer o conteúdo, pois poderia trazer surpresas desagradáveis que conviria salvaguardar. Os “media” gostavam de bicar o enlace, mas nem pensar fazer juízos. Seria elevar a cinderela ao nível de uma bibi, baba, etc., etc. Era ainda cedo.
Estava tudo aprazado. O casamento era uma certeza e vai daí ambos se apresentavam como se já estivessem de papel assinado.
Estava então Carol a percorrer caminhos estranhos e diurnos quando no seu trajecto S. Jorge lhe sibilou e a encantou com o objectivo possível de matar o dragão. Porém, haveria que desacreditar o homónimo que por ironia era o chefe da gruta.
Dois Jorges, um santo e outro que dificilmente lá chegará. Carol pensou que o seu Jorge nem casava, nem era suficientemente generoso, vai daí foi à capital do reino, aonde a corte até parecia o Cristo-Rei de Almada e sentiu colo para a sua aventura. Advogados, conselheiros de bom trato, muito mais finos e arrumados que aqueles grossos lá do Norte. Prometeram-lhe protecção e escreveram-lhe um conjunto de folhas coladas a que chamaram livro, mostrando quiçá àquela que com boa vontade e se se esforçasse um pouco mais, ainda poderia vir a ser virgem. Já não era a primeira!
A questão já não era um amor desfeito, mas tão só demonstrar que o seu Jorge perdeu uma mulher de luta, capaz de tudo, até de há falta de notas ter guardado umas fotografias comprometedoras de um “bobi” a tomar banho e da lista de convidados que entravam no seu ninho de amor. Aquele era árbitro, aquele era empresário, aquele era chefe de claque, etc., etc. Felizmente que só entraram homens. Neste aspecto o seu Jorge portava-se bem. Mas para puxar ao sentimento o escriba do livreco e porque não dizer para mostrar seriedade, já que o passado de Carol não era lá essas coisas, vai de dizer que mandou açoitar um autarca só para mostrar serviço ao seu Jorge. Oh que abençoada mulher, se a empresa fica conhecida não vão faltar clientes!
O seu Jorge estava metido em um processo cujo” bom gosto” da Judiciária chamou de “Apito Dourado”. O homem por artes do demo estava a conseguir afastar de si as acusações. Ora nada melhor que com muito amor colar os medos, as traficâncias de poder, enfim à moda de Lisboa a “corrupção”! Carol ficou satisfeita com tudo o que fez e em Gaia toda a gente a cumprimenta com um sorriso.
A corte rejubilou de tal forma que de imediato o Poder foi para a bicha, não fosse o livro ter mais saída do que o do Henry Potter e esgotasse. Tanto assim foi, que alguém cheio de orgulho de ser português e bom chefe de família enviou um exemplar ao nosso querido e amado Procurador, não ao adjunto de Gondomar, mas ao chefe. O chefe está em Lisboa, é mais certo. Já o processo está numa terra perto de Chaves ou será da Régua!? Bom ali era seguro. O Procurador dos Adjuntos instado a declarar, não eram decorridos dois dias sobre o lançamento, se já o havia lido, respondeu que, quase. Mas foi tão rápido a terminá-lo que de imediato chamou ao seu paço uma Adjunta exilada no Tribunal da Relação de Lisboa. Não havia tempo a perder deu-lhe alforria não se sabe se completa ou se terá que o informar primeiro das diligências mais sensíveis, sob pena de novo exílio. Os olhos da Adjunta brilharam, ia ter a oportunidade de encarnar o papel de S. Jorge e entrar na toca do dragão! Enfim, ela e o seu companheiro, era assim que se tratavam em tempos idos, agora marido e pelos vistos conselheiro especializado em coisas como lavagem de dinheiro e fiscalidade das autarquias, tinham a oportunidade de quais virgens impolutos, tornarem os” homens maus”deste país em regenerados, à beira da beatificação. Daí que o apelo de S. Jorge tivesse vindo na hora certa e fosse imediatamente aceite.
Esta de um procurador especial faz lembrar outros tempos e tempos que curiosamente esta Adjunta combateu, mas parece que esqueceu. Uma coordenadora de Lisboa porquê? Que diz Cluny? Que dizem os adjuntos das comarcas? Quando amanhã alguém não concordar com os despachos do ministério público, não seguirá as leis de processo, mas tão só pedirá a graça de um supra Adjunto!? Será esse o futuro próximo como moda ou o futuro código de processo irá socorrer estes atropelos?
Tudo isto por amor ou ignorância de Carol do terreno que pisa ou ainda pior, levando às costas interesses de terceiros que radiantes utilizam um meio humano barato e a qualquer momento passível de ser incriminado e descartável. Pobre Carol, não lhe auguro futuro muito risonho, já que a soma de tolices, no caso não apaga a anterior, mas tão só as agrava.
O ser humano é complexo e os amores não se discutem, mas como se poderão equacionar estes dois personagens. Um doou todo o seu tempo ao clube e no meio de algumas incompreensões levantou a incontornável questão da posição do país com a capital. A questão só falsamente é norte-sul pela posição das duas cidades, porque o problema foi herdado da monarquia e que saiba do Terreiro do Paço a qualquer lugar do país vai uma eternidade que é simplesmente politica e não de distância. Venha o TGV e tudo continuará na mesma. A outra personagem nada tem a ver com qualquer destas questões, para além daquela que a tornou conhecida. É redutora, sem interesse para nós todos que vivemos no Norte e está a conseguir, penso que sem consciência disso, em ser cavalgada pelos interesses instalados em Lisboa com o apoio dos habituais trengos que são pau para qualquer colher e que são inultrapassáveis no que toca de vender a alma ao diabo.
A atitude do Procurador não pode ser lida com a simplicidade que diariamente podemos observar e transmitida pelos pasquins mais reles ou pelas cabeças ditas bem pensantes com lugar cativo nas televisões e rádios. O Procurador criou uma expectativa na opinião pública de que as acusações contra o presidente do Futebol Clube do Porto serão uma realidade e saciarão a sede de vingança da clique lisboeta. Não vejo que agora neste povinho de ignorantes seja tolerado um arquivamento do processo. Criaram-se expectativas totalmente despropositadas para enfraquecer o Futebol Clube do Porto, humilhar o Norte e atrasar ainda mais o processo da regionalização que estou certo que um dia será realidade.
É mais que evidente que a Adjunta, até pelo seu passado deveria perceber que não se trata de corrupção, mas de humilhação. Está disposta a interpretar um papel do qual em termos reais não terá a menor das hipóteses em ter êxito, a não ser daqui a mais ou menos um ano vir-se a lamentar-se, ou que não tem meios, ou que as provas documentais eram fracas ou mesmo que as testemunhas não colaboraram.
Se a Adjunta vem com o propósito de descobrir factos que levem ao entendimento da existência de favores no futebol terá que fazer uns anos de estágio, saber o que são emoções, saber que as coisas funcionam ao contrário dos tribunais em que tudo é para ter sido feito ontem e não quando calhar. A Adjunta se um dia quiser perceber alguma coisa deste mundo terá que saber a diferença entre um penalti e um livre indirecto e disso temos todos a certeza que não faz a mínima das ideias.
A Carol vai penosamente perder-se no tempo e quem sabe não apareça nas próximas eleições autárquicas ao lado candidato apreciador das gentes e virtudes da capital, ou mesmo em qualquer peça do La Feria, ícone da cultura mais pobre de Lisboa, última das contratações do desesperado Rui Rio para invadir “com mais do mesmo” o Rivoli, um dos poucos baluartes culturais da cidade.
Quanto ao apito no que concerne ao futebol vai ficar irremediavelmente sem função, já que nada irá ser provado. O presidente do Porto irá sair reforçado de todo este imbróglio. A Adjunta voltará para Relação cansada e talvez revoltada consigo própria por ter o dever de ter reflectido com mais maturidade antes de ter aceite um desafio envenenado.
Quanto ao nosso querido e amado ministro da justiça continuará serenamente a contar-nos mais umas historietas simpáticas, porque não se tenha dúvidas que é no seu ministério que a borrasca vai cair. Ministro sábio iria pensando numa amnistia, pelos menos haveria um empate técnico.

José Fernando
Povoa de Varzim, 18 de Dezembro de 2006

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Da Justiça

É ponto assente ser a Justiça o mais forte pilar de Democracia e como tal deve facultar o seu acesso à totalidade dos cidadãos para a sua realização.
Não acontece assim. Em primeiro lugar porque nem todos os cidadãos tem acesso à Justiça e depois, se obtiverem o acesso à Justiça, os tribunais atravancados de processos fazem o cidadão aguardar por tempos infinitos as decisões.
Milhares de processos encontram-se por julgar e não se sabe quando isso vai acontecer, tal como na medicina há milhares de intervenções cirúrgicas que se não fazem embora o cidadão a elas tenha acesso.
Para conseguirem agilizar a Justiça tivemos uma reforma do processo executivo a quem tantas louas os governantes e a corte cantaram para ficar tudo na mesma- montes de processos parados nas estantes dos escrivães que por isto ou por aquilo não saem do seu estado larvar.
É necessário mudar e não fingir que se muda e até aqui fingiu-se somente uma mudança a atrás referida.
Nada se mudou e até se agravou o que antes havia.
É necessário que as gentes do direito se mobilizem para que se proceda a uma efectiva mudança da tão mal tratada Justiça.
Espera deferimento...
Afonso Fernando

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