terça-feira, novembro 07, 2006

Requiem por uma Avenida

Cortaram as árvore da Avenida, os ramos com a folhagem estendem-se meio mortos na placa central.
Eram choupos grandes com a folhagem verde que davam uma ar repousante e depois, muito depois, em troca teremos dois passeios e duas pistas de alcatrão negro onde deslizarão os automóveis que se acolherão no subsolo da Avenida que não mais existirá.
As árvores cairam e vê-se claramente a fachada dos edifícios que a ladeiam que as folhas das árvores escondiam.
Nunca mais poderás passear sob a sombra dos choupos onde o vento e os pássaros se acolhiam, alí ninguém tinha pressa e no fim da tarde quando o sol ao fundo ia mergulhando no mar tingido os céus de vermelho era a melancolia de um dia passado a que se aliava a voluptuosidade do verde tenro dos choupos.
Podiamos fazer uma confissão a um amigo, pensar que o mundo estava feito de injustiça e o chilrear dos pássaros acordava o veandante sentado num banco que via o tempo escorrer como se ele fosse o tempo e este não destruisse o seu corpo e a sua alma.
Velha Avenida, túmulo de automóveis, cheia de dióxido de carbono, o grande poluente.
E a cidade cada vez mais igual às outras cidades do mundo.
Assim se segue para a desumanização desta cidade mas Deus castigará a ideia de tal obra.
Afonso Fernando

JUSTIÇA

JUSTIÇA
A sociedade portuguesa está em pânico dado que a Justiça sustentáculo da Democracia caiu num pantano lodoso onde se vai afundando lentamente. O processo civil e o processo penal carregados de normas inúteis e confusas entravam a clarificação necessária para os cidadãos saberem as linhas com que se cosem. Querelas inúteis, retardamento das decisões, decisões errradas que acarretam recursos e depois o tempo passa , não um mês, mas anos.
O panorama da Justiça é confrangedor, fazem-se reformas e fica tudo na mesma ou pior. O cidadão já não acredita na Justiça e isso é o pior que pode acontecer a um estado democrático para o seu progresso.
Póvoa de Varzim, 7 de Novembro de 2006
Afonso Fernando

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