sexta-feira, janeiro 09, 2009

Os "media" sem medidas

Abertura de telejornais, emissoras de rádio e folhas inteiras de jornal.
Que haveria de ser? Futebol, claro.
Futebol e escândalo na forma tentada, consumada e frustrada.
O país ávido de mais uma historieta que pudesse ser tema de conversa, sem recurso a grande consumo das célulazinhas, arrebitou as orelhas, imaginando mais um auto de fé para purificação da alma dos outros.
A noticia dada com sensacionalidade ìa, no entanto perdendo interesse.
Café, chegas de bois, colmeia, GNR e pior distrital de futebol. Nada que comprometesse ninguém que se visse.
Ficou-se a saber que todo o aparato tinha como agente reactor a extensão da policia judiciária de Vila Real, que de forma fulminante evitou que um individuo que gosta de andar a assobiar pelos altos e baixos de Trás-os-Montes fosse irremediavelmente picado por uma pretensa "abelha"!
A picadela de 150 euros que não dá sequer para pagar uma multa de trânsito que se preze serviria para um frete de arbitragem em um jogo em que o clube adversário até achou graça ao sucedido, pois vai em último na tabela classificativa. Penso que até subiu o ego dos seus jogadores. Finalmente, algúem tinha respeito por eles, quase medo!
O árbitro virgem foi ouvido e passou a testemunha ,quanto aos outros dois foram constituídos em qualquer coisa que já ninguém liga ou seja, arguidos vulgaris.
Igualmente se ficou a saber que o campo da Associação Desportiva e Cultural "A Colmeia", só enche quando o espectáculo é uma chega de bois. Chega de bois que há falta de melhor nome é o do café-restaurante do pai do presidente do clube que tem cerca de 30 abelhas com amor aos seus favos.
Haverá saneamento público, água de qualidade, habitações condignas, posto médico,em Barracão, do concelho de Montalegre? Nada disto interessa aos "media". Não admira que pouco a pouco os jornais, os telejornais o que se convencionou chamar de noticia tenham como espectadores, pessoas que já não ouvem nem veêm. É pena, mas para lá se caminha.
José Fernando

terça-feira, janeiro 06, 2009

Afinal há ou não crise?

Do grego krisis e pelo latim crisis «fase decisiva de doença» , é seguramente o substantivo mais citado nos meios da comunicação social. Curioso é pensar-se que de uma palavra com significado em qualquer dicionário, tornou-se à força do seu repetido uso, em uma quase abstracção. Sabemos que deve ter cometido qualquer actividade menos digna, já que também se diz que "a culpa é da crise". Como se disse não há muito tempo que " a culpa é do petróleo" ou a que é mais comum a "culpa é do Estado". É imperioso conhecer da paternidade, observar atentamente o personagem, impedir a sua volatilização.
Temos uma crise financeira, uma crise económica ou o que é mais certo uma crise de valores?
O dinheiro desapareceu ou travestiu-se em plástico na forma rectangular? Quem é o pai da crise? A quem é que o cidadão deverá pedir responsabilidades? Ou estaremos em face de mais um enorme embuste na forma de papão para atemorizar a classe média?
Que decidirão os conselheiros, quais eminências pardas do sistema? Vão ajudar a descobrir e condenar os pais da abstracção ou pelo contrário vão continuar a sustentar a ganância dos seus clientes? Esperemos mais quatro ou cinco meses e concerteza já ninguém pronunciará a palavra crise, sob pena de pretender destabilizar todo o trabalhinho que com o jeito e a competência que se lhes reconhece levaram a cabo. Foi, reconheçamos o primeiro trabalho glo-bal.
Não iremos ter novos ricos, se calhar alguns novos pobres, mas os ricos continuarão conforme a posição que ocupam no ranking, sensívelmente no mesmo lugar.
Iremos ter festas, sejam de inauguração de restaurantes, discotecas, beneficiência ou sem nenhum motivo que não seja obter umas fotografias de gente dita bonita e na maioria dos casos com pouco dinheiro mas muito acesso, ou seja, "in". Os banqueiros serão os grandes heróis. Sorridentes, mas sempre com ar distante, já que estaremos perante uma nova geração que é administrador, mas não recebe ao mês, nem ao ano. Só em função da sua posição. Ninguém mais saberá dos seus rendimentos. Não os têm. Apenas, o tal cartão anti-crise, que lhe permite qual coelhinho do anúncio, sacar, sacar, sacar...
Os telejornais abrirão todos com a habitual sensacionalismo, mostrando dois pastores da Serra da Estrela a testemunharem pelos seus bodes que viram uns bichos peludos, de muitas e enormes patas e rabo preso que lhes deram cabo das ovelhas, afinal eram as únicas que davam leite, e que conforme as noticias tinham todo o aspecto de serem os tais pais daquela coisa a que chamam crise.
Já agora porque não citar o significado de crise emotiva: " descarga emotiva brusca caracterizada por um sentimento de angústia, seguido de tremores ou de rigidez muscular, de gritos ou de gemidos e terminando por acesso de soluços espasmódicos ".
Já sabe, se tiver estes sintomas ou conhecer alguém que os tenha ligue para um daqueles sábios, que são convidados a fazer mesas redondas, quadradas ou porque não trapezoidais nas
nossas estações televisivas e diga-lhes que suspeita que foi atacado pela dita e que em vez de possuir foi possuído. Estranho bicho!
José Fernando

This page is powered by Blogger. Isn't yours?