quinta-feira, março 31, 2011

Eleições

Segunda-feira, os pobres batiam ao portão da casa. 

Rezam pelas almas dos que lá estão, Padre Nosso, Avé-Maria. Segunda-feira das almas. 

Do cimo das escadas assomava a dona. 

Descia e as moedas de tostão ajudavam a matar a fome.

Padre Nosso, Avé-Maria, seja pelas almas. 

Rua acima havia portas a abrir, seja pelas almas! Pedintes de escuro vestidos, como sombras, segunda-feira das almas bendita. 

Foi assim este Portugal. Arribou, gente enricou.

 Grandes ordenados gente sabia e alguns viciados nas delicias do dinheiro mal ganho.

 Regabofe porque não?

 Os pais da Pátria têm os seus direitos. 

Eles dão o lustre à nação. Sabem tudo desde Direito a Finanças e as vidas estão em alta, são donos do nosso esfomeado do mundo.

 Voltemos à caridade, aos pobres de porta em porta. 

Tiraram-nos a tirania de cima das costas, puseram-nos às costas a albarda de miséria. 

Acreditemos neles e esperemos o milagre. 

As eleições vão-nos trazer o leite e o mel que tanto esperamos. 

Se não for verdade, paciência, teremos tantas eleições quantas forem precisas até que algum cavaleiro de brilhante espada limpe o pobre país - Portugal - de todos aqueles insaciáveis que com a sua riqueza vivem sem nada nos dar em troca.

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