quarta-feira, abril 28, 2010

O fim da paróquia

O primeiro congresso internacional dos advogados de língua portuguesa revelou-se uma iniciativa de enorme interesse, não só para quem teve a oportunidade, como nós de nela participar mas para todos aqueles que indirectamente podem beneficiar da abertura que as relações internacionais podem proporcionar.
A nossa Ordem limpou as teias de aranha, ousou por em prática, com risco assumido, num tempo em que o medo de encarar a realidade do mundo que nos cerca nos tolhe os movimentos, pese embora as incomensuráveis oportunidades que a globalidade nos oferece. Temos que resolver este dilema. É urgente que o façamos.
Não adianta fazermos o nosso ninho, pior ainda quando por razões provávelmente de crescimento nos deixamos institucionalizar. Os países têm que estar abertos à realidade mundial que os rodeia. O que afecta um, mais cedo ou mais tarde acabará por reflectir-se em todos. A comunidade lusófona não pode ter só como elo essencial o facto da lingua ser comum, pelo menos a oficial. Tem que ir mais longe. Diria, é imperativo que o faça. É uma oportunidade que será necessário não perder.
Não, aos paternalismos, aos coitadinhos, à arrogância vazia de conteúdo. As Ordens mais bem estruturadas devem estar abertas à cooperação, bem como aquelas que têm um processo mais atrasado, assumirem o seu déficite.
Os advogados não se podem transformar em castas, como infelizmente se tornaram alguns executores do Direito, mas serem cidadãos atentos,prontos a colaborar na edificação de uma harmonia dentro das suas portas, mas também universalmente e foi isso que este congresso mostrou.
Aqueles que fazem o esforço para avançar têm que ser ajudados e incentivados e não olhados com reservas infundadas, pelos que de uma forma ou outra estão estabelecidos nos respectivos sistemas nacionais.
Não tenho saudades de África, do Brasil ou de Macau. Nunca lá estive. Tive na faculdade de direito colegas que na altura lutavam pelo ideal anti-colonialista, mas eu ainda carregava o de ser anti-salazarista, anti-marcelista. Houve barricadas? Claro. Existem desconfianças? Muitas. Agora, a minha geração e tenho 57 anos, não pode carregar indefinidamente as tragédias que as tolices dos interesses de meia dúzia provocaram aos respectivos povos.
É tempo de distinguir os que querem construir, daqueles que sabem perfeitamente que a omissão é suficiente para encravar o processo. Não enterremos o passado, mas assumá-mo-lo e identifiquemos os factos que conduziram a que hoje passados tantos anos sobre as nossas " independências" ainda estejamos tão desligados e ainda precisemos de realizar congressos para nos conhecermos minimamente. Há uma necessidade urgente de se criar uma fórmula de cooperação mais activa e saudável em que os colegas interessados neste universo lusófono desenvolvam relações profissionais.
josé fernando

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