Estarim

O OLHAR ESPRAIAVA-SE POR UMA COSTA DURA DE ROCHEDOS ESCUROS QUE MARCAVAM A FRONTEIRA COM O ESPELHADO DO SOL REFLECTIDO NO OCEANO.

IMENSIDÃO.

O MAR!

O ATLÂNTICO! ESSE, O DO NOSSO PASSADO.

AQUELE QUE NOS LEVAVA PARA LONGE, QUEM SABE SE COM REGRESSO! NÃO HÁ

QUINHENTOS ANOS, MAS MAIS PARA CÁ. NÃO NECESSARIAMENTE PARA A ÁFRICA DOS NOSSOS MEDOS, MAS PARA OS BRASIS DO NOSSO ENCANTO.

ELE ALI ESTAVA QUIETO, HÁ ESPERA DE SER SULCADO. MAS NÃO, NÃO ERA HORA DE PARTIDA OU DE CHEGADA.

OLHANDO PARA AS AVES MARINHAS PENSAVA SE ALGUMA VEZ, NÃO VAI HÁ UM SÉCULO, ALGUÉM SONHAVA QUE ERA A VOAR QUE SE DEIXAVAM PARA TRÁS OS ROCHEDOS. AQUELES, NÃO OUTROS.

OS HOMENS MORRERAM, MAS AQUELAS PEDRAS NEGRAS E DISFORMES ALI CONTINUAVAM, MAIS AO MENOS ABRUPTAS DE HARMONIA COM AS MARÉS.

ESPEROU-SE POR UM SEBASTIÃO QUE SE SABIA MORTO E QUE DEVERIA RESSUSCITAR QUE ALMA? OU SALVAR-NOS DE CASTELA?

CURIOSO OLHAR O MAR. FAZER A VIAGEM. ENCONTRAR ALCÁCER -QUIBIR, NÃO EM ÁFRICA, MAS EM UM QUALQUER LUGAR DA EUROPA ONDE AS BATALHAS DO NOSSO FUTURO SE TRAVAM E DE ONDE AGORA IRRADIA A NOVA ESPERANÇA, O NOVO SEBASTIÃO, QUE DE AVIÃO VAI E VEM, NÃO COM ESPADA, MAS COM CANETA DE OURO, NÃO COM MEDO DE CASTELA MAS DE BRAÇO DADO COM ELA.

DE REPENTE GANHO A CONSCIÊNCIA DE QUE O SOL NASCE EXACTAMENTE AO CONTRÁRIO. O MAR ESPELHA-O, NADA MAIS. PARA VÊ-LO NASCER SOU FORÇADO A VIRAR AS COSTAS AO MAR.

JOSÉ FERNANDO